A Renovação Carismática Católica (RCC) surgiu na Igreja no momento em que se começava a procurar caminhos para pôr em prática uma renovação eclesial desejada pelo Concílio Vaticano II.
Não se havia passado um ano sequer ao término do Concílio, quando, em outubro de 1966, começou a despontar o movimento religioso chamado agora "Renovação Carismática". Nesta circunstância, a Renovação aparece como um acontecimento pós-conciliar estreitamente vinculado ao próprio Concílio, em uma conjuntura histórica importante para a Igreja Católica.
"Um grupo de pessoas, membros de faculdades da Universidade de Duquesne, Pettisburgh, reuniam-se freqüentemente para momentos de oração fervorosa e para conversar sobre a vitalidade de sua vida de fé. Aqueles professores haviam se dedicado durante muitos anos ao serviço de Jesus Cristo, entregando-se a várias atividades apostólicas. Apesar disso, estavam sentindo que algo faltava em sua vida cristã pessoal. Ainda que não pudessem especificar o porquê, cada um reconhecia que havia certo vazio, falta de dinamismo, debilidade espiritual, em suas orações e atividades. Era como se a vida cristã dependesse demasiado de seus próprios esforços, como se avançassem sob seu próprio poder e motivados por sua própria vontade.
Conscientes de que a força da comunidade cristã primitiva estivera na vinda do Espírito Santo em Pentecostes, começaram a orar para que esse divino Espírito manifestasse neles Sua presença cheia de poder, em favor de sua própria vida espiritual e do trabalho apostólico. Dessa forma, os professores de Pittsburgh (EUA) começaram a pedir em oração que o Espírito Santo lhes concedesse uma renovação e que o vazio que seus esforços humanos haviam deixado fosse plenificado com a vida poderosa do Senhor ressuscitado. Cada dia rezavam uns pelos outros: "Vem, Espírito Santo!". A partir de 1967, houve uma explosão de manifestações de Deus na vida de muitos grupos que insistentemente pediam a renovação no Espírito Santo. Em diversos lugares do mundo se experimentou uma nova efusão do Espírito Santo.
O Presidente do Conselho da RCC afirmou que a história da Igreja mostra que esse fato está ligado a outros acontecimentos que propiciaram o surgimento do movimento carismático. Já em fins do século XIX, o papa Leão XIII escreveu uma Encíclica sobre a Pessoa do Espírito Santo, incomodado que ficou com a insistência de uma freira que lhe escrevia falando da pouca atenção que a Igreja dava ao Espírito Santo. Além de se preocupar em fazer a doutrina do Espírito Santo mais popular, escreveu também uma ladainha para a 3ª Pessoa da SS. Trindade e, no fim do século XIX, esse mesmo papa celebra uma Missa consagrando o século XX à Pessoa do Espírito Santo.
Neste século, o papa João XXIII manifesta sua vontade de que o Concílio Vaticano II fosse guiado pelo Espírito Santo. E, ao convocar o Concílio, o papa reza pedindo um novo Pentecostes para toda a Igreja. O Concílio então dá fundamentação para que mais adiante iniciasse a RCC. Termina em 1965 e, no ano seguinte, aquelas pessoas da Universidade de Duquesne começaram a questionar sua vida espiritual e seu apostolado, pedindo o mesmo que João XXIII.
"A Renovação no Espírito - comenta o Pe. Congar - não é somente uma moda. Seus frutos se percebem de imediato: trata-se de uma forte ação espiritual que transforma vidas. Não somente um "re-avivamento", mas uma verdadeira "renovação", um rejuvenescimento, um frescor, uma atualização de possibilidades novas que surgem da Igreja sempre e sempre nova".
No começo dos anos 70, alguns sacerdotes jesuítas, entre eles Pe. Eduardo Dougherty, S.J., Pe. Haroldo Rahm, S.J. e Pe. Sales, começaram a realizar retiros chamados de Experiência do Espírito Santo, mais tarde Experiências de Oração, que se espalharam por todo o Brasil. Realizavam Grupos de Oração, reuniões de planejamento e, à medida que isso acontecia, a RCC se expandia, surgindo, então, instâncias de coordenação, a princípio em Campinas, depois Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília. Portanto, foi a partir da Casa de Retiros de Campinas que a Renovação teve seu começo.
Simultaneamente outros padres e leigos, em diversos pontos, começaram também a experimentar um novo ardor na evangelização e nos trabalhos apostólicos. A RCC se espalhou no Brasil rapidamente, promovendo uma renovação na vida espiritual de muitos católicos atuantes e na de outros que retornaram renovados à Igreja. A Renovação atingiu os líderes já engajados em movimentos como Cursilhos, Encontros de Casais, Treinamento de Liderança Cristã (TLC) e gradativamente foi se ampliando como uma nova força de evangelização com identidade própria.
A RCC foi se organizando nas Paróquias, nas Dioceses e nos Estados, através das Equipes ou Núcleos de Serviço que se formavam com as pessoas que se comprometiam mais diretamente, tendo todo o seu trabalho orientado por uma Comissão Nacional. Depois de algum tempo, formou-se também o Conselho Nacional que é composto pelos Coordenadores Estaduais.
No início da década de 90, o Conselho Nacional da RCC detectou uma perda de identidade, um esfriamento na missão, uma quebra na unidade da RCC em muitos lugares do Brasil. Então, reunidos rezando e pedindo ao Senhor que mostrasse como solucionar este problema, gerador de uma anemia espiritual nas lideranças da RCC, esmorecimento nos trabalhos pastorais, separações, etc, muitas palavras foram colocadas por Deus como exortação, correção e reavivamento. Após muito discernir os "sinais dos tempos" e as palavras do Senhor (Ag. 1,5-9), surgiu o Projeto de Ação da RCC denominado "Ofensiva Nacional", nascendo as Secretarias para os respectivos serviços da RCC.
Atualmente a RCC está presente, de maneira organizada e realizando um trabalho pastoral, em 268 Dioceses do Brasil, chegando a evangelizar perto de 60.000 Grupos de Oração, com a participação de aproximadamente 8.000.000 pessoas. Ultimamente, Deus tem exortado a RCC à ousadia de avançar para conquistar a terra prometida. É este o empenho que se espera neste momento da RCC diante da necessidade da redescoberta por toda a Igreja do sentido novo da evangelização que é repleto de frutos do alto, à medida que se torna fruto de um Pentecostes pessoal.
Pe. Cleodon
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